A Última Estrela

por Sammu

 

 


Capítulo 16: WHo's THat Woman?

 

Era uma jovem alta, quase do mesmo tamanho de Maria. Tinha a pele bronzeada, uma cara simétrica com lábios rosa carnudos. Os seus olhos eram azuis-escuros, muito brilhantes. Envergava um vestido leve e claro com uma saia larga pelos joelhos que mexia ao sabor da brisa, um vestido próprio para os dias de Verão.

Mas a sua característica mais chamativa era o seu longo e ondulado cabelo verde-escuro que bruxuleava acompanhando o vento.

Todas ficaram a olhar para aquela rapariga estranhamente misteriosa, mas muito bela.

- Não deve ser do Japão… Talvez da Europa ou da América… - pensou Joana.

- Hum… Estou a ver que o meu chapéu ficou apetitoso. -observou ela divertida olhando para o chapéu coberto de molhos.

- Ora bolas! Desculpe! – disse Bunny muito corada pegando no chapéu peganhento.

- Não faz mal! Ficou bastante… original! – sorriu ela. O tempo estranho provoca situações destas!

Bunny devolveu-lhe o sorriso. Não se conseguia abstrair dos olhos daquela estranha, sentia-se presa, angustiada, queria chorar. A culpa era dela, era por causa dela que estava a viver aquela situação. Queria falar mas não conseguia dizer nada.

- MIAUUUU! – um batalhão de gatos esfomeados dirigiam-se para Bunny e Rita atraídos pelo seu cheiro a comida.

- Boa Bunny, por tua causa vou ser assediada por gatos esfomeados.

- Se quiserem, disse a estranha quebrando o contacto visual com Bunny e olhando para Rita, eu posso ajudar-vos. Vivo aqui perto e tenho roupas limpas que vos posso dar.

- É muito simpático da sua parte, mas n… - começou Rita.

- … mas claro que aceitamos! – interrompeu Bunny.

- Com licença! – sorriu falsamente Rita puxando o braço de Bunny e virando-se de costas. Estás doida? O molho afectou-te o cérebro? – sussurou. Ir a casa de uma estranha numa altura como esta?

- Eu sei o que faço. – disse Bunny muito séria olhando para Rita. Já não tenho catorze anos. Confia em mim… Nem que seja só por uma vez na tua vida. – disse muito séria colocando um ponto final à discussão e virando-se para a estranha. Se não se importa aceitamos.

- Oh por favor! – disse alto. Eu tenho mais ou menos a mesma idade que vocês, tratem-me por tu, hã? – piscou o olho. Todas abanaram a cabeça em sinal de concordância. Assim sim! Sigam-me então. – disse dirigindo-se para a rua.

Quando lá chegaram, dirigiram-se para o carro mais aparatoso do lugar. Um Pherrarri 599 GTB que, segundo a matrícula, fora comprado há um mês atrás. Era descapotável, preto metalizado e tinha cinco lugares.

- Entrem entrem! – disse simpaticamente a rapariga, descendo a capota.

Rita, Maria e Joana sentaram-se atrás e Bunny sentou-se no banco da frente.

- Uau…! Se a Haruka visse este carro! – disse Maria baixinho a Joana.

- Ela deve ser podre de rica! - replicou Joana.

- Eu acho que a conheço de qualquer lado… - disse-lhes Rita.

A rapariga colocou a chave na ignição e ligou o carro., Dirigiu-se para a estrada principal.

- Demoramos cinco minutos a chegar. – anunciou-lhes sorrindo. Ligou o rádio e a música “La Furtura” começou a tocar.

Enquanto o carro andava, o cabelo de Bunny andava ao sabor do vento, batendo na cara de Rita incessantemente que estava no banco atrás.

- Não te importas de prender esse cabelo de Rapunzel se faz favor?! – gritou Rita devido ao vento que lhe abafava a voz.

- Não oiço! – mentiu-lhe Bunny passando a mão nos seus cabelos loiros que brilhavam ao sol.

Rita resmungou qualquer coisa e encostou-se ao banco de trás.

- Acho eu ainda não nos apresentamos. – disse a rapariga com os olhos fixos na estrada. Mas já sei que tu te chamas Bunny e a tua amiga aí atrás Rita.

- Sim sim! – concordou Bunny. Ela chama-se Rita Hino, e a que tem rabo-de-cavalo é a Maria Kino e a loirinha é a Joana Lima. E eu sou a Bunny, muito prazer!

- Muito prazer! – disse-lhe piscando o olho. A Rita já conhecia.

- Ai sim? – perguntou Rita desconfiada. Desculpa mas não me lembro. E eu costumo recordar-me bem da cara das pessoas.

- No festival do outro dia. Fui cantar ao palco. Fiz um dueto com a Joana não foi? – disse olhando para trás deitando a língua de fora.

- Eras tu?! Muito obrigada! Safaste-me! – admirou-se Joana.

- A “rapariga dos véus” eras tu? – perguntou Rita recordando-se. Porque estavas vestida assim, se não é indiscrição?

- Hum… Digamos que gosto de manter um low profile.

- Ah bem! – disse Bunny fingindo perceber. Quando chegar a casa tenho de consultar o dicionário de inglês… - pensou olhando para o céu. Olhou para o lado e reparou que estava a passar pelos prédios “Maison”, onde estava o apartamento de Gonçalo. Sentiu um aperto no coração novamente.

Onde andaria Gonçalo? Esmeralda havia-lhe dito que estava vivo, mas não tivera notícias desde então. Qual era o objectivo de manter Gonçalo prisioneiro? Faltaria muito tempo para ela o rever?

- Já não falta muito tempo. – disse a rapariga.

- Quê?! – perguntou Bunny arrepiada.

- Para chegarmos a minha casa. Está quase.

Encontravam-se na rua mais chique de Juuban. À sua frente encontrava-se um casarão no topo de uma colina, rodeado por um muro ladeado de altos cedros, o que impedia que alguém conseguisse olhar para dentro do grande jardim. Os portões automáticos abriram-se e a rapariga entrou com o carro.

Já lá dentro, conseguiram vislumbrar o enorme jardim cheio de relevo, tinha uma pequena queda de água e muitos canteiros com flores. O jardim estava coberto de belas árvores, salgueiros, cerejeiras em flor, palmeiras e mais umas espécies exóticas. Haviam bebedouros para pássaros e fontes espalhados um pouco por todo o lado. No centro do jardim encontrava-se um lago artificial com nenúfares e alguns peixes. O jardim estava todo coberto com macia relva verde impecavelmente aparada.

Da garagem á porta principal do casarão existiam caminhos feitos de pedrinhas, ladeados com pequenas luzes de carregamento solar.

O casarão que não era exageradamente grande, tinha dois pisos, uma marquise de vidro e um estilo moderno. Era toda feita em pedra acastanhada.

Bunny, Rita, Joana e Maria não conseguiram esconder a sua admiração.

- É lindo… - suspirou Maria. Tantas plantas…

- É… enorme… - embasbacou-se Joana.

- Parece um palácio, mas ao mesmo tempo é tão acolhedor… - sonhou Rita.

Bunny não disse nada, limitando-se a esperar pelo fim dos comentários.

- Ainda bem que gostaram da minha casa! Oh! – exclamou a rapariga. Que indelicadeza! Nem acredito que me esqueci de apresentar! Não liguem, às vezes sou um bocado despistada. Célia Leça muito prazer!

Nesse momento todas tiveram a sensação de que uma espécie de manto de protecção que envolvia a estranha havia sido tirado quando esta pronunciou o seu nome.

Joana cambaleou para trás e todas olharam para Célia com um misto de admiração e choque na cara.

 

 


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