A Última Estrela

por Sammu

 

 


Capítulo 21: a dor do amor

 

Tentou então encontrar o telemóvel. Sentiu uma dor forte na barriga e foi projectada com toda a força contra a parede.

 

Zoicite havia aparecido à sua frente e mandara-lhe um pontapé no estômago. Bunny não conseguia respirar com as dores na barriga e nas costelas.

- Encontrei! – gritou Zoicite enrolando os seus cabelos louros com o dedo.

Apareceram no corredor Neflite e Jedite, que agarraram Bunny pelos braços. Esta derramava sangue pelo nariz e estava arranhada um pouco por todo o corpo. Arrastada pelo chão, foi levada até ao apartamento novamente. As mãos de Endymion sangravam, mas este ria-se.

- Toma. – disse pontapeando o alfinete. Vais morrer como uma guerreira.

- Pára Gonçalo… - sussurrou cheia de dores, olhando para o chão, pois não conseguia olhar nos olhos daquele que outrora fora o seu amado. Como… Como podes fazer isto?

Endymion olhou para ela estático. Aquela voz, aquelas palavras não o faziam ficar indiferente.

- Eu… - disse confuso. Sentia-se desorientado.

- Endymion… - disse uma voz doce na sua cabeça. Não te esqueças de mim. Essa rapariga não significa nada para ti, não deixes que a luz se misture com as trevas.

- Mas é a Bunny…! – respondeu no seu pensamento.

- Exactamente… - replicou a voz. Essa rapariga só causa infortúnio, pensa que a sua vida é o centro do mundo, e acima de tudo não passa de uma rapariga mimada que depende dos outros para a sua salvação. Vai Endymion.

- Gonçalo…? – disse Bunny quebrando o pensamento de Endymion, com uma réstia de esperança.

- Tu… vais morrer… Pouco me importa o que sentes. – disse Endymion com os olhos húmidos. Transforma-te.

- Não! – gritou sufocada com as lágrimas que escorriam abundantemente pela sua face abaixo. Não luto contigo!

- Transforma-te! – ordenou Endymion irritado.

- NÃO! – gritou com todas as suas forças.

Recebeu uma estalada.

- A tua voz aguda irrita-me. Mas muito bem então, seja feita a tua vontade. Kunsite! – chamou Endymion.

Um homem de cabelos brancos e de olhos azuis muito claros apareceu. O servo mais poderoso de Endymion trouxe-lhe uma espada.

- Aqui tem mestre. – disse Kunsite fazendo uma vénia e piscando o olho discretamente a Zoicite. Este por sua vez corou muito e enrolou o cabelo com o dedo mais freneticamente.

Endymion levantou a espada. A sua ponta brilhou e ele preparou-se para trespassar Bunny.

- PÁRAAAAA!!! – na testa de Bunny apareceu o símbolo do Reino da Lua que libertou raios de energia, tal como acontecera a Chibi-Usa quando esta foi perseguida pelas irmãs da caça, há anos atrás.

Endymion foi atirado contra o espelho da sala. Todos os vidros das janelas do apartamento partiram-se. A energia libertada foi de tal ordem que destruiu a maior parte dos objectos da sala.

O silêncio reinou momentos depois. Zoicite, Neflite e Jedite transformaram-se em pedras* que estavam caídas ao lado de Bunny. Endymion e Kunzite encontravam-se prostrados no meio dos vidros.

Com a cabeça a latejar, Bunny pegou no alfinete e dirigiu-se a Endymion. Não podia ser, ele ia mesmo matá-la, tal como acontecera quando ele estava possuído pela Rainha Beryl. Mas aí ele não se lembrava de nada, estava sob a influência de uma lavagem cerebral. Agora era diferente, ele lembrava-se de tudo, era Gonçalo mas ao mesmo tempo não. Dirigiu-se a Endymion e olhou para a sua testa. Estava coberta de sangue devido aos cortes efectuados pelos vidros da janelas, mas mesmo assim vislumbrou o símbolo da lua invertida com uma estrela de quatro pontas. O símbolo estava fragmentado. Talvez o poder que estava a actuar sobre ele estivesse a ficar mais fraco?

Kunzite estava bastante cortado, estava inconsciente ao lado de Endymion. Bunny não sabia o que fazer. Deveria chamar a polícia? Uma ambulância? As amigas?

- Aiiiii!! – gritou surpresa quando a mão de Endymion agarrou o seu tornozelo. Abriu os olhos. Não eram os olhos de Gonçalo que outrora conhecera, mas sim uns olhos vazios e gélidos.

         Bunny caiu devido à força que Endymion exercia no seu tornozelo. Este levantou-se num salto e pegou novamente na espada para matar Bunny.

- Não! – gritou o próprio Endymion levando a mão à testa. Foge Bunny!

         Era Gonçalo quem falava, Bunny sentiu o calor da sua voz. Kunzite despertou e também se levantara.

- Mestre? – perguntou esperando ordens.

         Bunny não conseguia fugir agora que ouvira e sentira a voz de Gonçalo. Endymion gritou e caiu de joelhos. Respirou fundo e tirou as mãos da testa.

- Mata-a.

         Era novamente a voz cruel. Bunny estava disposta a lutar para recuperar o verdadeiro Gonçalo que se escondia nas profundezas da alma de Endymion. Não seria vencida sem dar luta.

- Eu sabia! – pensou enquanto levantava o alfinete. MOON PRISM POWER, MAKE… – gritou sentindo-se com ânimo para lutar. UP!

         Diante dos olhos de Kunzite surgiu no meio de clarões a guerreira da justiça, que olhava para ele com os seus olhos ternos. Pegou na espada e correu para ela. Sailor Moon saltou e este cravou a espada na estante da parede. O que iria fazer? Por muita convicção que tivesse apenas com o seu ataque da tiara não iria vencer. Kunzite tirou a espada da estante e correu novamente para ela.

- MOON TIARA ACTION! – gritou esperançada atirando a sua tiara.

         Com um simples golpe de espada a tiara foi atirada para fora janela do apartamento. Sailor Moon estava encurralada, não tinha como se defender.

         Endymion levantou-se e disse a Kunzite para se afastar. Sailor Moon viu novamente a espada a ser erguida para lhe deferir o golpe fatal.

         De repente o cabelo de Sailor Moon começou a mexer-se frenéticamente. Os restos dos bens materias do apartamento começaram a levantar-se. Os vidros partidos das janelas foram arrancados. Sailor Moon sentiu um calor a percorrer-lhe o corpo. Sabia quem tinha vindo em seu auxílio. Kunzite, Endymion e Sailor Moon desprenderam-se do chão e começaram a rodopiar no ar. Um turbilhão de vento entrara violentamente no apartamento. As luzes tremeram e apagaram-se. Tudo ficou escuro. Apenas se ouvia o som insurdecedor do vento a destruír tudo à sua passagem.

         Gritou mas o vento abafara a sua voz. Sailor Moon sentiu medo, estava impotente, levada no meio daquela força bruta que a deixava sem saber o que fazer. Era forte demais, o vento uivava tremendamente, as paredes ripostavam com o seu ranger ameaçando ceder. Os seus tímpanos davam sinais de alerta, sinal que se poderiam romper a qualquer momento.. Tão subitamente como começara, o vento parou.

         Sailor Moon foi atirada com força contra os restos do sofá partido, enquanto que Kunzite e Endymion foram arremessados contra o hall de entrada, partindo a porta do apartamento, fazendo soar o alarme geral que ecoou por todo o edifício. No meio do escuro, Sailor Moon vislumbrou uma sombra no parapeito da janela. Uns longos cabelos ondulados pairavam sobre a brisa, anunciando a autora de tamanha demonstração de poder.

- Como ousam enganar e atacar uma mulher indefesa?

As luzes voltaram.

 

*- referência aos acontecimentos que envolveram os quatro generais no primeiro arco da manga de Sailor Moon.


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